sábado, 12 de novembro de 2011

O ESCULTOR E A TARDE - Sophia de Mello Breyner Andreson


O ESCULTOR E A TARDE

No meio da tarde
Um homem caminha:
Tudo em suas mãos
Se multiplica e brilha.

O tempo onde ele mora
É completo e denso
Semelhante ao fruto
Interiormente aceso.

No meio da tarde
O escultor caminha:
Por trás de uma porta
Que se abre sozinha
O destino espera.

E depois a porta
Se fecha gemendo
Sobre a Primavera.

Sophia de Mello Breyner Andresen
(06/11/1919 – 02/07/2004)

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